A TIRANIA DA CERTEZA ENTRE O MISTÉRIO DA FÉ E A PRESSA DO JULGAMENTO
Nestes últimos dias, venho experimentando um sentimento de vazio profundo. Tenho visto pessoas que amo e admiro se comportando de forma idêntica àquelas de quem mantenho distância em razão de suas práticas reacionárias. É muito triste perceber que a ignorância alimenta emoções que deveriam ser contidas pelo simples reconhecimento do não saber. Avaliar o que não conhecemos em profundidade — sem dominar nuances, contextos e contradições — quase sempre nos empurra para julgamentos precipitados. Isso não é novo; trata-se de um risco antigo da humanidade que, em nosso tempo, tornou-se rotina. Falamos com convicção sobre processos que exigiriam silêncio; opinamos com segurança sobre realidades que, se usássemos um mínimo de racionalidade, pediriam escuta; julgamos com dureza aquilo que ainda está em processo de construção. Esse movimento se agrava quando transportamos todas as questões da fé diretamente para o campo da política, como se a experiência religiosa pudesse ser explicada a...