ENCONTRADO O CORPO DO PEDRO

Deus em sua infinita sabedoria um dia nos explicará o motivo pelo qual passamos por situações como essa! Pedro tinha 27 anos, advogado e missionário da esperança! Saiu de São Paulo para dar sua contribuição aos menos favorecidos, radicalizou na opção, foi em busca de justiça e da paz, patrocinou com sua vida a libertação daqueles que poucos defendem. Me vem agora, neste momento de tanta dor, o evangelho do sermão da montanha. Quem der a vida por seus irmãos terá grande recompensa no Reino. Pedro tinha uma vida promissora por aqui, na ótica do mundo, do capitalismo e do que é natural para a maioria das pessoas, poderia fazer a opção de entrar em praticamente qualquer banca de advogados renomados do estado de São Paulo.
Teria espaço para fazer militância politica em qualquer gabinete de deputado, de prefeituras ou do governo. Poderia estar sob o conforto de um escritório com ar condicionado e defender as causas que qualquer advogado militante politico ou não, defenderia, poderia fazer a opção natural de ser rico! Tinha 27 anos, formado pela PUC de São Paulo e com todas as condições de ter por aqui sua vida cotidiana. Porém sua opção foi a opção dos heróis, no anonimato saiu daqui. Quem o conhecia ? Além de seus amigos, presidiarios, pobres moradores de cortiços, favelados, excluídos em geral, meia duzia de padres, dois bispos e um pai, uma mãe e 5 irmãos orgulhosos de ter entre os seus um verdadeiro herói, um rapaz que conseguiu compreender de maneira impar o desejo de Deus em perceber todos como irmãos e irmãs e os menos favorecidos como filhos que precisam de mais atenção. Por isso a opção de Pedro de usar seu terno e gravata no meio dos índios, da população ribeirinha e daqueles que não tem voz perante a justiça dos homens. A partir de agora, Pedro os defenderá junto a Deus, junto dos mártires da caminhada, junto daqueles tantos outros e outras que também acreditaram no mesmo Reino, realizaram os mesmos sonhos e construiram as mesmas lutas. Pedro fez de sua vida uma opção real e verdeira, radical e intensa na defesa dos valores mais sinceros da teologia que liberta verdadeiramente e que tem como opção preferencial os mais pobres. Por isso, a busca que Pedro fez o leva ao quadro dos heróis, daqueles que doam verdadeiramente sua vida para que outros tenham vida. Daqueles que podendo fazer opção pelo comodismo de cuidar de si e daqueles que estão em seu entorno, se liberta e define marcar a vida dos que o rodeiam com a marca indiscutível do heroismo de servir aos irmãos de forma intensa e brilhante, sendo reconhecidos na maioria das vezes como Pedro esta sendo agora, após olhar para sua vida, depois que ela se vai! Assim são os heróis, não querem méritos, desejam ardentemente apenas servir a Deus, na figura dos seus filhos menos favorecidos. Pedro, voce esta presente! Pois aqueles que voce tanto quis servir, continuam por aqui, estão em busca da justiça que voce os trazia, esta presente nos indios amazonicos, nos riberinhos abandonados, ns presidiarios que não tem assistência, nos favelados e população de rua que por tantos e tantos tempos esperam por um advogado que se disponibilize em defende-los. Voce então continuará em nosso meio, sua memória, sua breve e intensa história e a amizade que deixaste por aqui fará com que a brasa que estava infundida em seu coração por Deus não se apague. Estamos juntos companheiro Pedro. Continue dai a olhar, defender e amparar os nossos irmãos e irmãs que não tem aqui um advogado para defende-los das injustiças!
Que voce encontre a Paz e a Justiça que tanto buscou em nosso meio!

Abaixo segue o discurso que Pedro fez em sua missa de envio para a Amazônia em fevereiro deste ano :

Queridos familiares, amigos e amigas
Em primeiro lugar, quero dedicar essa missa a minha madrinha Glaucia, que nos deixou há uma semana. Tenho um sentimento de que ela vai olhar por nós e alegrar um pouco mais o céu. As maiores lembranças que tenho dela são o seu sorriso e sua luta pela causa ambiental. De alguma forma, sinto que posso dar seguimento ao que ela tanto ensinava como geografa e professora. Essa missa é em memoria dela.

Quero agradecer a cada um de vocês pela presença nesta noite, isso representa muito pra mim e me dá muita força para seguir a caminhada. Celebramos hoje, na Igreja da Boa Morte, a vida, a esperança de dias melhores.

Sei que não estamos reunidos esta noite por mim apenas: todos os que estão aqui querem um mundo melhor para si; para seus filhos. Todos queremos paz, alegrias, amizade, justiça. Este encontro serve para renovarmos nossos sonhos.

Agradeço de forma especial as pessoas que prepararam com tanto carinho essa missa: a Marcelo da Pastoral da Juventude, a Pe Valdir e dona Vera, a toda a comunidade alianca da Misericordia, nas pessoas de Pe Enrico e Antonelo, ao pessoal da banda e a todos e todas que permitiram que esta noite acontecesse. Pe Valdir, aliás, que foi o pai desta minha ideia de ir pra Amazânia. Desde fazer contato com o bispo de São Gabriel da Cachoeira, até falar com todos os padres e irmãs para que autorizassem meu envio. Muito obrigado por toda a ajuda, Pe Valdir.

Quero saudar meus amigos da alianca da misericórdia. Por ceder essa igreja, que é vossa casa.

Saibam que vocês têm enorme influência na minha vida e nessa minha decisão: desde o primeiro momento, quando conheci um montão de jovens que moravam na favela do moinho e faziam pastoral carcerária, logo fiquei encantado com o que vi.

Eram jovens dedicando suas vidas a melhorar a realidade dos mais marginalizados: os moradores de favelas e os encarcerados.

Nas muitas vezes que estive com eles, sempre me identifiquei com aquela vocação e sentia alguma coisa arder mais forte no meu peito. Sabia que faria algo parecido.

Vocês vivem a solidariedade na essência na palavra, vivem pela causa social com compromisso e verdade.

Parabéns e muito obrigado pelo exemplo.

Quero abraçar todos meus familiares. Meus tios e tias, pais e mães pra mim, e meus irmãos. Meus primos e primas, que são meus outros irmãos e irmãs. Carrego voces no coração, assim como carrego a lembrança de meus quatro avós, os quais tive a enorme felicidade de conhecer e conviver. Sinto que eles estão comigo. Sempre os senti por perto e sei que eles nos protegem. Dedico também a eles minhas alegrias.

Brindo com todos meus amigos e amigas, da rua, de colégio, de faculdade, das lutas, da vida. Pela amizade e companheirismo. Obrigado por me ensinar. Espero que nossa amizade possa ser preservada e se fortalecer ainda mais, nos sentimentos de solidariedade com os outros, no amor pelo país, na luta por mais igualdade social, autonomia e liberdade das pessoas e tolerência com as diferenças. Tamo junto!

Aos amigos dos meus pais, que se tornaram meus amigos. Obrigado por todo exemplo de luta e dedicação a uma militância que exigiu muito tempo do lazer e conforto de vocês e de suas famílias. Carrego vocês comigo também! Muito obrigado pela presença.

Agradeço o carinho dos amigos de Carlos de Foucalt. Obrigado pela amizade e acolhida. Terei mais oportunidade de conhecer os ensinamentos de Foucalt. De alguma forma, já me sinto muito influenciado por essa espiritualidade, desde minha infância, através de meus pais, e agora, por todo esse processo da minha decisão, quando estive rodeado por vocês. Muito obrigado.

Quero agradecer, de forma muito especial aos meus queridos amigos e amigas companheiros de Pastoral Carcerária. Obrigado pela oportunidade que me deram, por confiarem e apostarem em mim. Pela amizade e paciência que tiveram comigo. E, sobretudo, pelo exemplo de fé e compromisso com a causa carcerária e humana. Vocês são verdadeiros guerreiros, pessoas iluminadas. Faltam palavras pra descrever tudo o que vivi nestes 3 anos de Pastoral. Quero, do fundo do coração, agradecer a oportunidade de ter compartilhado com vocês momentos dos quais nunca esquecerei. A presença missionária dentro da Pastoral influenciou a minha escolha. Carrego vocês, os presos e as presas, comigo. Que tenhamos dias melhores, em que nossa sociedade respeite os direitos dos cidadãos presos. Muito obrigado!

Aos meus queridos pais, também faltam palavras. Obrigado pelo exemplo, por nos ensinar a olhar pelo outro, a ter consciência do mundo em que vivemos, a lutar por nossos sonhos. Muito obrigado por serem parceiros comigo e com meus irmãos em nossas investidas, em nossos projetos.

Amo muito você, pai e você, mãe.

Aos meus queridos irmãos, todo meu amor e amizade. Vocês são pessoas especiais pra mim, trazem mais energia pra minha vida, são minha sustentação.

Espero estar tão perto de todos vocês mesmo estando longe. Carrego vocês nesta luta. Desde já peço perdão pelas vezes que precisarem de mim e que estarei ausente. Obrigado pelo apoio.

Essa minha decisão de viver essa experiência na Amazônia é fruto do convívio com a realidade dos cárceres e a realidade social em sua forma mais cruel, o lado B de nosso País: o País dos esquecidos, dos humilhados. Pude estar em contato com a miséria da miséria, a injustiça, a segregação social e racial, a dor, o esquecimento. Ter visto de perto situações desconhecidas pela maioria das pessoas, ter conhecido um País que ainda maltrata seus cidadãos, tudo isso me despertou pra necessidade de luta, de trabalho para a profunda transformação dessa realidade.

De forma geral, vejo os poderes de Estado ainda muito elististas. Não conhecem de verdade a realidade de seu povo, a pobreza, a falta de dignidade e cidadania que sofrem milhões de cidadãos, não conhecem os cárceres. Mantêm-se distantes daquilo que deveria ser a essência de seu trabalho: o bem comum do povo, sobretudo daquele que mais necessita das instituições para a garantia de seus direitos. Privilegiam o status, o poder, as facilidades materiais em detrimento dos direitos fundamentais das pessoas.

As leis, a Constituição Federal infelizmente não são as mesmas para todos. A justiça é justa para poucos. Os direitos de alguns são mais importantes que de outros. Lutar pela terra é crime. Mas não é crime a situação daquela pessoa que vive em condicoes sub-humanas nas favelas, sem dignidade nenhuma, sem comida. Furtar é crime. Mas não é crime quando o Estado amontoa milhares de presos e presas numa lata, os tortura impunemente, e viola todos seus direitos previstos nas leis. Temos dois Países: o País dos privilegiados, dos que têm acesso à riqueza, à cultura, ao lazer, aos bens materiais, às melhores oportunidades e o País dos esquecidos, que não têm direitos, não têm oportunidades, e ainda são criminalizados.

Devemos mudar, acredito que estamos avançando, mas é preciso muito mais, não podemos permitir retrocessos nas conquistas dos direitos.

Precisamos acabar com a segregação racial. Vejamos os direitos dos índios, como têm dificuldade para ser implementados. Vejamos a diferença entre os salários de negros e brancos. Vejamos os preconceitos que os nordestinos ainda sofrem no sul. A discriminação que sofrem as mulheres. Isso tudo ainda existe, é verdade, tristemente sentido no cotidiano.

Somos um País extremamente desigual na distribuição de renda. Somos top 10 no ranking de desigualdade. Num país com 200 milhões de habitantes, os 10% mais ricos detêm 50% da riqueza. Os 10% mais pobres, apenas 1% dessa riqueza. Os moradores de favelas pagam proporcionalmente mais impostos que os ricos.

4 milhões de famílias no Brasil precisam bos benefícios de uma reforma agrária. Sem contar outros milhões que vivem em condicoes sub-humanas e que precisam de mudanças.

Nosso mundo tem 1 bilhão de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza, com menos de 2 dólares por dia. No Brasil, são 7,5 milhões de pessoas que vivem na linha da pobreza.

Para mudar essa realidade, precisamos democratizar cada dia mais o poder econômico e o poder político. Não permitir que o capital econômico mande nas políticas dos países, em detrimento das conquistas e avanços sociais.

Não dá para ficarmos tranquilos diante de tanta injustiça. Porque preferimos a anestesia à luta? Porque não deixemos de lado um pouco nosso conforto para pensarmos e agirmos por uma sociedade melhor?

Viajo para a Amazônia para colaborar, como cidadão e advogado, com as comunidades ribeirinhas, os índios, a questão ambiental. A discussão que está em voga hoje é a ambiental e, realmente, ela se faz necessária e urgente.

A natureza cada vez mostra com mais forças seu poder e sua revolta contra o que fazemos com ela. Utilizamo-la com interesse econômico e sem preocupação com os demais seres que nela vivem. Não nos preocupamos com o amanhã. E ela não está feliz com isso. Lembremos dos tsunamis, dos furacões, dos terremotos, dos deslizamentos.

Olhemos para nossa cidade de São Paulo, nesse mês de janeiro, o tanto que choveu. Os estragos das chuvas nos lugares mais precários. Infelizmente os efeitos climáticos atingem de forma pior os mais pobres, os que moram em áreas de risco, nas beiras dos rios.

Insistimos em desmatar nossas florestas. Somos o 5º pais no mundo que emite mais gases poluentes e 75% desses gases vêm do desmatamento. Matamos nossa floresta para alimentar o mercado externo, americano e europeu. Faz sentido isso?

Do que adianta exercitarmos uma consciência ecológica se não questionamos nosso próprio anseio consumista que desgasta a capacidade da natureza e acelera a degradação do meio ambiente? Devemos exigir de nos sacrifícios pelo bem da sobrevivência da natureza e nossa também.

Apenas para exemplificar, com situações cotidianas: será que precisamos ter 50 pares de sapatos em nossos armários? Dezenas de peças de roupas que depois ficam armazenadas? Será que todos precisamos de carro em detrimento do transporte público? Precisamos tomar duas vezes ao dia banhos de 30 minutos? Devemos pensar que nosso padrão de consumo gera desigualdades e agride a natureza, e é preciso abdicar desse modelo.

Sinto nessa minha escolha um pouco de negação, ainda que temporária, do modelo civilizatório ocidental consumista e destrutivo em que vivemos – e, pior, que achamos bom. Desejo buscar na natureza, com os índios, valores humanos que se sobreponham às ilusões da civilização.

Penso que, diante de toda a realidade miserável que pude ver, não posso ficar inerte, tocando minha vida como se a vida do outro nada tivesse a ver com a minha. Me sinto na obrigação de colaborar com nosso povo.

Não é preciso ir até a Amazônia para mudar essa realidade social brasileira. A cidade de SP está cheia de problemas a serem resolvidos, e todos vocês podem colaborar para mudar essa situação. Visitem a favela do moinho, o jardim pantanal, uma unidade prisional. Certamente lá existem muitos problemas e as pessoas precisam de ajuda!

Mas, nem só de lutas vive o homem. Quero viver, escrever uma gostosa poesia de minha vida. Poder respirar um ar puro, contemplar a mata e os animais, estar em contato com culturas diferentes, jogar mais futebol, estar no paraíso natural. Como diz a poesia do sambista Candeia, cantada na voz de Cartola: “deixe-me ir, preciso andar, vou por ai a procurar, sorrir pra nao chorar. Quero assistir ao sol nascer, ver as águas do rio correr, ouvir os pássaros cantar, eu quero nascer, quero viver”.

Para terminar, dois lindos poemas do nosso querido dom Pedro Casaldaliga, grande figura que me inspirou profundamente e a quem tive a enorme felicidade e privilégio de conhecer em São Felix do Araguaia:

Pobreza Evangélica

Não ter nada.
não carregar nada.
não poder nada.
e, de passagem, não matar nada;
não calar nada.
Somente o Evangelho, como uma faca afilada,
e o pranto e o riso no olhar,
e a mão estendida e apertada,
e a vida, a cavalo, dai.
E este sol e estes rios e esta terra comprada,
para testemunhas da revolução ja estourada.
E mais nada.

Epilogo Aberto

Atenho-me ao dito:

A justiça,
apesar da lei e do costume,
apesar do dinheiro e da esmola.

A humildade,
para ser eu mesmo, verdadeiro.

A liberdade
para ser homem.
E a pobreza
para ser livre.
A fé, cristã,
para andar de noite,
e, acima de tudo, para andar de dia.

E, seja como for, irmaos,
eu me atenho ao dito:
a Esperança.

Deixo aqui um convite para que todos venham visitar a Amazônia. Para quem quiser conhecer o paraíso. Não se arrependerão. As portas lá sempre estarão abertas a vocês. Espero vocês numa visita.

Muito obrigado por virem, quero dar um abraço em cada um de vocês!


PCr e Sul 1 enviam missionário leigo para Amazonas
Com o pensamento “você deve ser para o mundo aquilo que você quer que o mundo seja”, o missionário leigo Pedro Yamaguchi Ferreira despede-se do Regional Sul 1, onde atuava como advogado na Pastoral Carcerária. Pedro Yamaguchi foi enviado em missão para a Diocese de São Gabriel da Cachoeira, na cidade localizada na região conhecida como Cabeça do Cachorro, no estado do Amazonas.

O missionário Pedro Yamaguchi é formado em Direito e nos últimos três anos se dedicava a advocacia na Pastoral Carcerária do Estado de São Paulo.

“Pude sentir que o Brasil do papel e dos direitos da Constituição ainda está léguas distante do que acontece para o cidadão pobre e miserável, mesmo no estado mais rico do País, que é São Paulo. Nossa riqueza ainda é pouquíssimo distribuída. E os efeitos que disso decorrem são tristemente sentidos”, ressalta Pedro, comentando sua experiência de trabalho junto à Pastoral Carcerária.

A missa de envio celebrada no dia 25 de fevereiro, na Igreja Nossa Senhora da Boa Morte pelo Coordenador da Pastoral Carcerária Nacional, Pe. Valdir João Silveira, marcou sua despedia e rezou por sua missão na Diocese de São Gabriel da Cachoeira. A missa contou com a carinhosa presença de dezenas de amigos da pastoral e de familiares.

Segundo o missionário Pedro, “essa decisão é fruto de um antigo desejo de viver mais profundamente na realidade social de nosso País, de sentir na pele o que as pessoas mais simples e esquecidas sentem. A partir dessa partilha, colaborar para a transformação da realidade”.

Confira a entrevista concedida a Renato Papis, da Assessoria de Comunicação Regional Sul1:

A missão na Amazônia será mais um passo de uma longa caminhada com Deus. Quais são suas expectativas neste novo trabalho missionário?

Espero contribuir para a melhoria da realidade social dos povos da Amazônia. Para que tenham mais voz, mais acesso aos direitos de cidadania, para que a Constituição Federal seja igual para todos.

A partir do trabalho com a Diocese de São Gabriel da Cachoeira, estar ao lado dos povos indígenas e lutar para que sua diversidade de culturas seja preservada e respeitada, que seu contato com os povos ditos civilizados seja um contato menos deletério possível, com mais solidariedade e respeito as diferenças.

Igualmente, assim como para os índios, lutar pelas comunidades ribeirinhas, para que vivam com mais dignidade, com acesso a saúde, educação e justiça, respeitadas as identidades culturais locais.

Pretendo contribuir para que tenhamos um País mais justo e igual, que possa investir e crescer igualmente, não apenas no sul, mas sobretudo no Norte do Pais, que ainda tem um povo muito esquecido e humilhado e que sente ainda mais os efeitos das corrompidas instituições de poder.

Por que razão escolheu, ou se sentiu escolhido para o Projeto Missionário?

Escolhi o projeto para ter o apoio da Igreja nesta causa tão importante, nesta caminhada tão difícil de Fe que nos propomos a viver.

Me senti escolhido por minha trajetória que desde cedo esteve ligada a Igreja: desde meu nome, em homenagem ao querido Pedro Casaldaliga, pelo meu padrinho de batismo, Dom Davi Picão, a meus pais, que sempre militaram nas Cebs da zona leste de São Paulo, e mais tarde por minha trajetória como advogado da Pastoral Carcerária, que me despertou para a necessidade de viver essa missão.

Qual a importância do papel de um missionário para os dias de hoje?

Creio que o mundo de hoje, em razão dos apelos e seduções capitalistas, suga de nos todo nosso potencial para um fim não importante, que e a acumulação de dinheiro, o status do poder, da aparência, do ter.

Viver pela causa, pelos sonhos, deixando de lado, ainda que temporariamente, essas seduções e mesmo algumas necessidades de sobrevivência, é algo muito difícil.

Um missionário de hoje deveria ao menos tentar ser livre e viver conforme sonha o mundo, conforme quer que o mundo seja.

Que contribuição deseja dar aquela região como missionário?

Como disse acima, desejo contribuir para que o povo do norte do Pais tenha mais voz, seja mais respeitado em seus direitos e, em especial aos povos indígenas, que tenham sua cultura preservadas e respeitadas.

Uma mensagem para os nossos leitores.

Desejo a todos os leitores que possam sonhar e realizar um mundo mais justo e solidário, um País de todos, que distribua sua riqueza, que garanta os direitos a todos os seus cidadãos, que respeite as diferenças.

Que cada pessoa, mesmo nao partindo para outro lugar em missão, possa em seu meio social doar mais tempo de sua vida e de seu potencial a ajudar outras menos favorecidas.

Todos queremos um mundo melhor, mas devemos, e logo, começar a fazer a nossa parte.

Renato Papis, Assessoria de Comunicação Regional Sul1.
26/02/2010

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