TRES EMES +1
28 de janeiro de 2014
Três emes + um
por: Thomas Hahn
Três emes + um
por: Thomas Hahn
Mahatma Gandhi foi o primeiro a nos deixar. Jovem metido a janota, advogado que exerceu sua profissão na África do Sul, voltou para sua Índia natal para lutar por sua independência do jugo imperial britânico. Formatou toda sua estratégia ao redor de dois princípios: resistência passiva e não violenta às leis opressoras, e amor pelos ingleses. Ele e seus seguidores sofreram maus tratos, violência, prisão e morte. Os britânicos, por fim, sucumbiram à falta de um inimigo violento, concedendo, em 1947, a independência à Índia. A natureza agressiva do homem, no entanto, cansara-se da paz: Gandhi foi assassinado e, sem sua presença e estatura moral, seus conterrâneos puderam voltar-se uns (hindus) contra os outros (muçulmanos), numa sangrenta guerra civil que resultou na repartição do país em dois: Índia e Paquistão.
Martin Luther King Jr., negro, pastor batista em Atlanta, na Georgia, Estados Unidos, sofria com e pelo seu povo, sujeito à semi-escravidão, segregado, sem direitos políticos e humanos, no sul daquele país. Liderou marchas de protesto, discursou diante de um milhão de companheiros em Washington (I have a dream), boicotou serviços de transporte e comércio que discriminavam contra negros. Foi preso, espancado, torturado. Pregou, como base imutável de seu movimento, a não violência e o amor ao inimigo. Foi assassinado. Sua morte foi o estopim para o início de mudanças legais que dariam, com o tempo, cidadania plena para os negros. Seu dia é celebrado até hoje.
Nelson Mandela nos deixou. Jovem advogado negro numa África do Sul oficial e legalmente racista, liderou movimentos organizados contra o apartheid, valendo-se tanto das demonstrações pacíficas como, no desespero, da violência. Foi preso aos 42 anos, tendo passado 27 anos atrás das grades. Fortaleceu seu espírito na prisão, tendo emergido como um líder que advogava a igualdade de todos, a paz, e o perdão recíproco entre brancos e negros. Tornou-se presidente, não quis a reeleição, recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Morreu aos 95 anos.
O + 1 (não tem M maiúsculo no nome) é Jimmy Carter, que ainda está conosco. Foi presidente dos Estados Unidos. Durante seu governo este país viveu a paz: nenhum tiro foi disparado. Negociou um início de uma caminhada para a paz entre judeus e palestinos em Israel. Foi coerente na defesa de direitos humanos no seu país e no mundo. Veio ao Brasil e instou o governo militar a devolver o país à democracia, pelo que foi severamente criticado por todos, militares e anti-militares - onde já se viu um gringo se meter nos nossos assuntos, quem pensa que é? Tendo sido o presidente de maior estatura moral de seu país na era moderna, não foi, é claro, reeleito. Dedicou-se a construir casas para os pobres em diversos países (com a mão na massa, ou no martelo), negociar o fim de conflitos, e promover eleições limpas em países que iniciavam sua vida democrática.
O mundo se ressente da falta de líderes com este tamanho de estatura moral. Mas não o sabe. Não procuramos este tipo de pessoa para nos liderar (não me refiro ao Brasil, mas ao mundo). Continuamos a perseguir os dois Ps: PIB e Poder. Realista extremo, quase pessimista, creio que em pouco tempo os 3 M´s+1 terão sumido das páginas dos livros de história usados nas escolas, nos quais reserva-se lugar garantido para líderes vitoriosos e sanguinários.
Como dizia Nelson Rodrigues (se não disse, poderia ter dito), toda boa ação será castigada.
Martin Luther King Jr., negro, pastor batista em Atlanta, na Georgia, Estados Unidos, sofria com e pelo seu povo, sujeito à semi-escravidão, segregado, sem direitos políticos e humanos, no sul daquele país. Liderou marchas de protesto, discursou diante de um milhão de companheiros em Washington (I have a dream), boicotou serviços de transporte e comércio que discriminavam contra negros. Foi preso, espancado, torturado. Pregou, como base imutável de seu movimento, a não violência e o amor ao inimigo. Foi assassinado. Sua morte foi o estopim para o início de mudanças legais que dariam, com o tempo, cidadania plena para os negros. Seu dia é celebrado até hoje.
Nelson Mandela nos deixou. Jovem advogado negro numa África do Sul oficial e legalmente racista, liderou movimentos organizados contra o apartheid, valendo-se tanto das demonstrações pacíficas como, no desespero, da violência. Foi preso aos 42 anos, tendo passado 27 anos atrás das grades. Fortaleceu seu espírito na prisão, tendo emergido como um líder que advogava a igualdade de todos, a paz, e o perdão recíproco entre brancos e negros. Tornou-se presidente, não quis a reeleição, recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Morreu aos 95 anos.
O + 1 (não tem M maiúsculo no nome) é Jimmy Carter, que ainda está conosco. Foi presidente dos Estados Unidos. Durante seu governo este país viveu a paz: nenhum tiro foi disparado. Negociou um início de uma caminhada para a paz entre judeus e palestinos em Israel. Foi coerente na defesa de direitos humanos no seu país e no mundo. Veio ao Brasil e instou o governo militar a devolver o país à democracia, pelo que foi severamente criticado por todos, militares e anti-militares - onde já se viu um gringo se meter nos nossos assuntos, quem pensa que é? Tendo sido o presidente de maior estatura moral de seu país na era moderna, não foi, é claro, reeleito. Dedicou-se a construir casas para os pobres em diversos países (com a mão na massa, ou no martelo), negociar o fim de conflitos, e promover eleições limpas em países que iniciavam sua vida democrática.
O mundo se ressente da falta de líderes com este tamanho de estatura moral. Mas não o sabe. Não procuramos este tipo de pessoa para nos liderar (não me refiro ao Brasil, mas ao mundo). Continuamos a perseguir os dois Ps: PIB e Poder. Realista extremo, quase pessimista, creio que em pouco tempo os 3 M´s+1 terão sumido das páginas dos livros de história usados nas escolas, nos quais reserva-se lugar garantido para líderes vitoriosos e sanguinários.
Como dizia Nelson Rodrigues (se não disse, poderia ter dito), toda boa ação será castigada.
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