MATÚ, UM COMPANHEIRO!

Algumas pessoas passam pela vida da gente de maneira tão completa e absoluta que deixam para todo o sempre sua presença! Assim será com o Matu!
Conheci Matu em 1993, através de outro grande amigo, o Aristides que na época era diretor do Sindicato dos Trabalhadores Químicos e Plásticos de São Paulo. Na época, os dois sindicatos se preparavam para unificar suas bases e Matu foi o principal protagonista desta unificação! Abriu mão de ser presidente de um sindicato importante como o dos Plásticos para poder proporcionar melhores condições de lutas para os trabalhadores!
Na época eu era do grupo de jovens JUVAR e liderava o movimento estudantil em Cotia junto com alguns outros companheiros, como o Joelito, por exemplo!
Nossa luta era árdua e haviam muitas dificuldades para manter os estudantes organizados e quem nos dava estrutura para combater o bom combate era o Matu e os sindicatos dos Químicos e dos Bancários!
Matú sempre foi uma grande referencia sindical e política! Corajoso como poucos, ético como nem um outro! Defensor incansável das causas justas e patrocinador de uma militância aguerrida e solidária!
Aprendi muito com Matu! Ele sempre acreditou e apostou muito em nossa amizade! A última vez que o vi, foi na sede do PT estadual, no inicio de Novembro de 2014! Foi lá para interceder por duas pessoas que precisavam de ajuda e também para se prontificar a ajudar nos cursos de formação política do PT estadual.
Foi com Matu que conheci o MST, foi Matu que me apresentou a pessoas que são fundamentais em minha vida política ainda hoje, como Padre Severino e Lurdinha da CPT (Comissão Pastoral da Terra) de Promissão.
Matu pavimentou o meu caminho para que minha militância na área de direitos humanos fosse reconhecida, foi ele que construiu os laços de amizade entre eu e grande parte da base sindical dos trabalhadores rurais pelo interior à fora! Gente como o Zé Carlos de Ipaussú, companheiros como Zé Rainha do Pontal do Paranapanema, lideranças sindicais como Vicentinho, enfim!
Com Matu, vivi histórias fantásticas e tive a oportunidade de entender o significado da contradição entre pratica de vida e fé! Matu acreditava que Deus estava na presença das pessoas e no bem que pudéssemos fazer a elas. Não entendia a hipocrisia dos que berravam ter fé e eram tão egoístas com os mais pobres!
A primeira vez que dormi em um acampamento do MST foi Matu que me levou! Foi um momento engraçado, pois o caminho que ele me ensinava fazia com que no meio da estrada, teria que entrar a direita... eu passei direto, fiz a manobra no carro, votei e entrei a esquerda... ele não entendeu o motivo da manobra e eu lhe expliquei que a manobra era para me dar condições de ao entrar no MST pela primeira vez, que fosse fazendo um caminho pela esquerda!! Nós rimos muito e essa história ele adorava contar pra dizer que eu sabia ser irônico quando queria!
A esquerda paulista e brasileira perde muito com a morte de Matu. Eu particularmente perco uma referência de coesão, respeito e militância! Mas a memória de Matu será lembrada enquanto eu viver... e quando meus netos me perguntarem quais foram os melhores amigos que tive, poderei listar vários, porém, certamente Matu estará sempre entre os maiores deles!
Com saudade do companheiro Matu e certo de que sua luta permanece, seu exemplo nos alimenta e sua caminhada será aqui seguida! Matu vive!
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