A QUEM INTERESSA A DESESTABILIZAÇÃO DO BRASIL
"Protestar é da democracia. O que não faz sentido é aqueles que lutaram contra a ditadura adotarem agora a agenda da direita, recuperarem Carlos Lacerda e investirem numa estratégia golpista"
O povo brasileiro reelegeu Dilma
Rousseff em eleições limpas, por maioria, segundo as regras
constitucionais. Dilma disputou as eleições legitimamente, apoiada numa
coligação de partidos e representando um projeto de governo
caracterizado pela ideia de mais mudanças — um programa que foi aprovado
nas urnas pela população.
Às vésperas da eleição, uma revista
semanal publicou uma calúnia contra a presidenta, falsa e
sensacionalista, numa tentativa de fortalecer o movimento de golpe. A
referida calúnia se comprovou agora, quando Procuradoria Geral da
República e Supremo Tribunal Federal confirmam que não há qualquer
acusação contra a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva nas investigações em curso.
Confirmada a vitória de Dilma, um
dos partidos de oposição pediu recontagem dos votos, sem nada mostrar de
concreto que pudesse diminuir o processo eleitoral. Depois disso,
partidos de oposição, alguns dos quais foram às ruas anos atrás lutar
por eleições diretas, hoje namoram a direita neste País. Em trinta anos,
trocaram a Diretas Já pela Direita Já. A direita que quer fazer a
ruptura democrática; a direita que quer o golpe; a direita que não tem
proposta. A direita que tem como única proposta criar um impasse neste
País.
Essa postura e esse discurso
ressuscitam Carlos Lacerda quando o ex-governador da Guanabara dizia,
referindo-se ao adversário Getúlio Vargas: "Não deve ser candidato à
presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não deve tomar
posse. Empossado, devemos impedi-lo de governar."
Foi o que fizeram com Getúlio Vargas
e também com João Goulart. E alguns democratas, que, há 30, 40 ou 50
anos se insurgiram contra a ditadura, hoje não hesitam em dizer que seu
objetivo é sangrar a presidenta da República.
Como antes, é preciso resistir.
Resistir ao golpe e às investidas daqueles que não têm compromisso com o
processo democrático. Nós vamos continuar a governar este país para
continuar a gerar emprego, como estamos fazendo. Estamos governando este
país para distribuir renda. Estamos governando este país para levar os
jovens à universidade. Estamos governando este país para levar mais
médicos a quem precisa. Como disse Bresser-Pereira, eles têm ódio do PT
porque o PT defende os pobres. Como destacaram Luiz Fernando Veríssimo e
Juca Kfouri, eles têm ódio das mudanças neste país.
No último domingo, houve um protesto
com panelas. Não de brasileiros com panelas vazias, mas daqueles que
têm as panelas cheias. Eles podem protestar, é da democracia. O que não
faz sentido é serem seletivos nos argumentos. A esses, não interessa a
lista de investigados da Lava Jato, o "nada consta" sobre a presidenta
Dilma, a independência da Polícia Federal e da Procuradoria Geral da
República, o fato de a presidenta ter afastado da Petrobras os diretores
suspeitos de cometer ilícitos. O que não faz sentido é os mesmos
democratas que lutaram contra a ditadura adotarem agora a agenda da
direita, recuperarem Carlos Lacerda e investirem numa estratégia
golpista.
Chamamos para o diálogo a oposição.
Dialoguemos numa agenda de reforma política, desenvolvimento econômico e
equilíbrio social, porque essas são bandeiras da presidenta Dilma
Rousseff e daqueles que sustentam seu governo. Mas não vamos aceitar
essa via da ruptura democrática, a via do golpe, a via daqueles que não
querem deixar governar para criar um impasse. Não sangrarão a presidenta
Dilma Rousseff. O povo que votou nela no dia 5 de outubro e, depois, no
dia 26 de outubro, estará nas ruas na defesa da presidenta.
Não é no impasse que nós vamos
governar este país. Governaremos este país no debate elevado de
propostas políticas, cuja existência não vejo na oposição, no debate
elevado do combate à corrupção e da punição dos responsáveis. Para
continuar aprofundando a democracia brasileira.
Paulo Teixeira é deputado federal pelo PT de São Paulo.
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