DOM HELDER CAMARA: COMEÇA O PROCESSO DE BEATIFICAÇÃO DESTE GRANDE SANTO BRASILEIRO
Vaticano envia carta à Arquidiocese afirmando ter recebido o pedido de abertura do processo de beatificação de dom Helder Camara
Menos de um ano depois do pedido de abertura do processo de
beatificação do ex-arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Camara, a
Cúria Romana enviou carta à Arquidiocese de Olinda e Recife afirmando
ter recebido a solicitação. Segundo correspondência expedida pelo
prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, cardeal dom Angelo
Amato S.D.B., ele aguarda o posicionamento de diferentes dicastérios
(departamentos do governo da Igreja Católica que compõem a Cúria
Romana) para poder emitir o seu parecer.
Caso o Nihil Obstat (Nada Consta) seja emitido pelo
Vaticano, a Igreja Particular de Olinda e Recife terá autorização para
iniciar o processo em nível diocesano. Com o aval do Vaticano, dom
Helder poderá então ser nomeado Servo do Senhor. A etapa seguinte
consiste em reconhecer suas “virtudes heróicas”. Para isso, uma comissão
jurídica se reunirá para estudar os textos publicados em vida e
analisar os testemunhos de pessoas que conheceram o Dom da Paz.
Em seguida, o relator do processo, nomeado pela Congregação para a
Causa dos Santos, elabora um documento denominado “Positio”. Trata-se de
um compêndio dos relatos e estudos realizados pela comissão. Assim que
aprovado, o papa concede o título de Venerável Servo do Senhor.
O passo seguinte é o da beatificação. Ser beato, ou bem-aventurado,
significa representar um modelo de vida para a comunidade e, além disso,
que essa pessoa tem a capacidade de agir como intermediário entre os
cristãos e Deus. Depois disso, ainda é preciso passar por mais uma fase:
a canonização.
Para ser proclamado santo é imprescindível a comprovação de um milagre, que deve ocorrer após sua nomeação como beato.
Perfil
Dom Helder Camara nasceu em 7 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, e
teve 12 irmãos. Após entrar muito jovem no Seminário da capital do
Ceará, se tornou padre aos 22 anos.
O primeiro momento da vida religiosa de dom Helder foi marcado pela
militância junto a instituições políticas conservadores, como a Ação
Integralista Brasileira, entre 1932 e 1937. Mais tarde, o religioso
considerou a participação como um erro da juventude. Já radicado no Rio
de Janeiro desde 1936, passou a optar por um trabalho assistencialista,
quando fundou departamentos da Igreja voltados para atender os mais
necessitados.
Após longo período atuando na então capital do Brasil, dom Helder foi
nomeado para o Maranhão. Com a morte do arcebispo de Olinda e Recife, é
mandado para Pernambuco, onde desembarcou em 12 de abril de 1964,
poucos dias após o golpe militar. Na capital pernambucana, o religioso
desembarcou em meio a uma relação conturbada entre Governo do Estado e
Igreja.
Dois dias após a posse, dom Helder lançaria, juntamente com outros 17
bispos nordestinos, um manifesto à Nação, pedindo liberdade das pessoas
e da Igreja. O primeiro grande atrito, entretanto, ocorreu em agosto de
1969, quando o arcebispo foi acusado de demagogo e comunista, por ter
criticado a situação de miséria dos agricultores do Nordeste.
A partir de então, dom Helder sofreu represálias, inclusive com sua
casa metralhada, assessores presos e com a morte de Padre Antônio
Henrique, que foi assassinado. Em 1970, quando dom Helder teve o nome
lembrado para o Prêmio Nobel da Paz, o governo brasileiro promoveu uma
campanha internacional para derrubar a indicação, já que ele denunciava a
prática de tortura a presos políticos no Brasil. Também em 1970, os
militares chegaram a proibir a imprensa de mencionar o nome do Arcebispo
de Recife e Olinda.
Dom Helder comandou a Arquidiocese de Olinda e Recife até o dia 10 de
abril de 1985, quando – por atingir a idade limite de 75 anos – foi
substituído pelo arcebispo dom José Cardoso Sobrinho. Ele morreu em sua
casa, no Recife, em 27 de agosto de 1999, devido a uma insuficiência
respiratória decorrente de uma pneumonia. Seus restos mortais estão
sepultados na Igreja Catedral São Salvador do Mundo, em Olinda.
Pelo seu trabalho em defesa dos direitos humanos, dom Helder recebeu
vários prêmios internacionais, como Martin Luther King, nos Estados
Unidos, 1970, e o Prêmio Popular da Paz, na Noruega, 1974. O religioso é
autor de 22 livros, a maioria ensaios e reflexões sobre o terceiro
mundo e a Igreja.
Da Assessoria de Comunicação AOR
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