SOBRE HOMOSEXUAIS E MORADORES DE RUA

Não, não tem nenhuma relação o fato de ser morador de rua e fazer a opção sexual por pessoas do mesmo sexo!

O que quero falar nesta postagem é sobre exclusão e preconceitos!

Estamos todos atônitos pelos 49 assassinatos ocorridos nos Estados Unidos numa boate gay! Isso é triste e precisa ser combatido de forma eficaz e rigorosa!

O que não se diz é que temos uma tragédia destas no Brasil a cada 60 dias e não tenho visto tanta comoção por parte da grande mídia! Na verdade, não vejo por parte de ninguém!

A cada dois meses, morrem assassinados no Brasil, 50 gays! E morrem em decorrencia de serem gays! Não são mortes em razão de serem atropelados ou sofrerem acidentes automobilísticos!

Segundo relatório do Grupo Gay da Bahia, “a causa mortis das vítimas mostra traços de ódio intenso. Entre os casos coletados está o do bacharel Helmiton Figueiredo, 30 anos, de Cabo de Santo Agostinho, PE, morto com 60 facadas; Bruno C. Xavier, esquartejado e cimentado em seu apartamento em Diadema, SP e Pablo Garcez, pedreiro de 35 anos, de Manaus, teve seu tronco e braços decepados”.

Estes são casos pinçados, mas que nos remetem a uma crônica muito comum na forma como são assassinadas estas pessoas!

Basta perguntar a uma pessoa o que ela sente quando vê dois homens se beijando!! Essa intolerância é fruto de uma árvore velha e demagoga, que se esconde por trás de questões muito mais relacionadas aos preconceito e a formação cultural de uma sociedade do que uma atitude individualizada da falta de caráter de alguém!

A segunda questão aqui levantada são os moradores de rua! Temos visto um frio como não víamos a décadas! De lá pra cá, muitas coisas evoluíram no conceito de apoiamento a pessoas em estado de vulnerabilidade social, como é o caso dos mendigos ou moradores de rua, como mais modernamente estamos falando!

Cidades como São Paulo, que tem uma enorme população de rua, que se somadas, dariam uma quantidade de pessoas maior que a maioria das cidades do interior de São Paulo, são tratados com descaso e com falta de políticas públicas adequadas para atender toda esta demanda! Cidades como Cotia, tem uma pratica política ainda pior, pois a pratica politica da prefeitura é não ter nenhuma politica pública! Preferem as praticas que são higienistas e preconceituosas contra esta população!

Quando pressionados pelas redes sociais, arrumam um calaboca qualquer, põem as assistentes sociais pra cadastrar pela enésima vez os moradores de rua e esperam o frio passar pra sair da pressão! E assim vai se indo!!!

O que me incomoda profundamente é ver as igrejas quando muito, fazendo um  sopão ali, uma distribuição de cobertor acolá, meia dúzia de fotos depois, voltamos todos pra casa com a consciência apaziguada e o calor das cobertas garantido! Mas cobrar políticas públicas que sejam eficazes e duradouras, nada!! E isso serve pra todas! Pra Igreja Católica e pras Igrejas Evangélicas que heroicamente, tanto uma quanto a outra, ao menos algum gesto fazem, por mais que isso não modifique em absolutamente nada o estado de política pública feitas pelo município!

Os dois assuntos vieram a baila essa semana em razão de tragédias que foram acometidas os gays norte americanos e os moradores de rua da capital!

Em São Paulo, nos últimos dias, 4 moradores de rua morreram de frio! Padre Julio Lancelotti, vem fazendo duras críticas ao prefeito Fernando Haddad por esta razão! Pode se cobrar Padre Júlio por qualquer outro motivo que não sei qual seria, mas não se pode cobrar padre Julio por sua coerência!

Podemos até dizer que ele não cobrou os últimos governos da mesma forma! Talvez, e tenho pra mim que este foi o principal motivo, porque não fez tanto frio assim nos últimos 20 anos!

Defender as causas das minorias, é sempre arriscado! Falar em nome daqueles que são considerados vagabundos ou sem vergonhas nestes tempos em que estamos vivendo é uma contradição!

Alguns amigos, gente que gosta mesmo de mim, tem dito pra que eu não faça isso, pois as pessoas não entendem e ficam bravas! Que isso é arriscado, que pega mal ir contra a maré! Ouço e dou risada... um riso saudável, um riso de agradecimento pela preocupação, mas que minha decisão é tornar essa defesa parte intrínseca a meu respirar! Não temo os que não compreendem, antes, preciso ter uma força motivadora grande o suficiente para convence-los de que estão equivocados!

Por tanto, defender aqueles que não tem quem os defenda, ou tendo, são tão poucos, me sinto cada dia mais compelido a ir de encontro ao que acredito! E acredito no direito do individuo fazer a opção sexual que bem lhe aprouver e que o estado tem o dever moral e social de oferecer aos seus cidadãos mais vulneráveis melhores condições de vida dentro de sua opção de ser morador de rua!

É o que devo fazer!