ROSTOS TRANSFIGURADOS

Jesus se transfigura diante dos discípulos que o acompanham no monte, aonde se dirigiram para rezar, em contato mais profundo com o Pai. É aí que se completa e se plenifica a aliança de Deus com a humanidade, iniciada com Abraão. Cristo, transfigurado diante dos três discípulos, será dentro em pouco o Cristo “desfigurado” da paixão. Sua glória, revelada na transfiguração, passará, portanto, pelo sofrimento e pela humilhação.
Na cena do evangelho de hoje, Jesus se entretém numa conversa com Moisés e Elias (representantes do Antigo Testamento: leis e profetas) sobre sua partida próxima, ou seja, sobre seu êxodo definitivo para a casa do Pai.
O rosto de Jesus, em oração ao Pai, muda de aspecto. É exemplo de oração que transforma não apenas a pessoa, mas também os outros e a própria realidade. Todo encontro autêntico e sincero com Deus deixa marcas em cada rosto orante.
Os três discípulos, dominados pelo sono, acabam dormindo. Quando o mestre está ameaçado ou quando pede compromisso com seu projeto, eles não entendem – ou não querem entender – e se entregam ao sono. É muito mais fácil sonhar com aplausos e triunfos do que se comprometer com a realidade exigente da missão. Os problemas do dia a dia e o compromisso com o mestre podem nos assustar e nos fazer desanimar.
Pedro só tem olhos para a glória deslumbrante: É bom estarmos aqui. Ele quer permanecer na ilusão sem passar pela paixão e morte, mas a glória só acontece após o êxodo. Pretende acampar no ponto de chegada, sem passar pelo caminho penoso que conduz até aí.
Antes desse passo definitivo, há a necessidade de descer da montanha. O apóstolo transfigurado deve enfrentar o compromisso com o povo, e a sua realidade nem sempre é tão brilhante como nas alturas. Na montanha, em contato com Deus, rezamos, escutando a voz do Filho e pedindo nossa transformação, para que, na planície, nos solidarizemos com os rostos desfigurados dos sofredores.
Pe. Nilo Luza, ssp

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