ESTATUTO DA JUVENTUDE


Artigo: Estatuto da Juventude -  Por José Dirceu

Nos últimos dez anos, dentre os muitos avanços que o nosso país obteve, vivenciamos um grande impulso dado às políticas públicas voltadas para a juventude. A criação da Secretaria Nacional de Juventude, no início do primeiro mandato do governo Lula, e do Conselho Nacional de Juventude, bem como outras ações, possibilitaram ampliar o diálogo entre governo e os jovens, a fim de conhecer mais a fundo as necessidades dessa população tão plural.


Um bom exemplo de política resultante desse diagnóstico é 
o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem),
criado pelo governo federal em 2005. Inicialmente destinado 
a jovens de 15 a 24 anos que não haviam concluído o 
ensino fundamental, o programa foi reformulado em 2008, 
quando se subdividiu em quatro modalidades, a fim de 
atender jovens com perfis diferentes. Hoje, o Projovem conta 
com a parceria dos Estados e municípios e oferece apoio ao 
jovem da cidade, do campo, àquele que precisa de 
qualificação para ingressar no mercado de trabalho e àquele 
que precisa de auxílio para permanecer na escola.

Já o Plano Juventude Viva, coordenado pela Secretaria 
Nacional de Juventude e pela Secretaria de Políticas de 
Promoção da Igualdade Racial (Seppir), reúne uma série de 
ações de prevenção para reduzir a vulnerabilidade dos 
jovens a situações de violência, criando oportunidades de 
inclusão social e aumentando a oferta de equipamentos e 
serviços públicos, sobretudo, em áreas que concentram 
altos índices de homicídio.
Outras políticas que atendem a população de uma forma 
geral, mas que, sem dúvida, têm impacto maior sobre a 
juventude, são o ProUni, criado pelo governo Lula, e o 
Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que aumentaram 
consideravelmente o acesso do jovem de baixa renda ao 
ensino superior.
Porém, para atender a toda a demanda da juventude 
brasileira e consolidar uma política pública de juventude nas 
cinco regiões do país, além de iniciativas como essas, é 
necessário instituir um Marco Legal, que regulamente e 
assegure seus direitos. É isso que se pretende alcançar com 
o Estatuto da Juventude, cujo projeto de lei será votado no 
Senado na próxima semana.

Há nove anos em tramitação no Congresso, o estatuto é 
uma luta antiga da juventude brasileira, que espera por meio 
da nova legislação ver apontados os princípios e diretrizes 
que nortearão ações governamentais voltadas para os 
jovens na faixa dos 15 aos 29 anos, a fim de lhes garantir 
direitos relacionados à Educação, Saúde, participação 
democrática, trabalho, igualdade, Cultura, Esporte e Lazer, 

comunicação e liberdade de expressão, mobilidade urbana e 
Segurança.

Para que a proposta do estatuto, cujo relator é o deputado 
Paulo Paim (PT-RS), representasse e atendesse as 

demandas dos jovens de todos os cantos do Brasil, várias 
audiências e consultas públicas com entidades e 
movimentos de defesa dos direitos da juventude foram 

realizadas ao longo desse período.

Assim, espera-se que a nova legislação seja um instrumento 
consistente, para que se possa cobrar dos governos federal, 
estaduais e municipais mais investimentos em equipamentos 
públicos gratuitos nos bairros, além de medidas concretas 
para combater a violência que atinge, sobretudo, os jovens 
pobres e negros, além de ações contra as drogas e o crime 
organizado.

O texto do estatuto, aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS), prevê a meia-entrada e a meia-

passagem interestadual para estudantes e jovens de baixa 
renda inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), cuja renda mensal seja de 

até dois salários mínimos. Trata-se de um avanço 
considerável a extensão do benefício aos jovens mais 
pobres, já que atualmente a meia-entrada é garantida 
apenas ao jovem estudante.

Como se sabe, é histórica a luta do movimento estudantil 
brasileiro pela garantia do direito de meia-entrada, que 
estimula a formação cidadã e democratiza o acesso ao Lazer 
e à Cultura. Porém, como já se poderia imaginar, foi dos 
pontos mais polêmicos de todo o processo de discussão do 
estatuto, contestado por representantes dos setores de 
Cultura e Transportes, que pleiteiam cotas percentuais e 
falam em aumento do preço dos ingressos e das 
passagens.

Na semana em que a votação do estatuto esteve em pauta, 
outras questões sensíveis à agenda de lutas da juventude 
foram levadas à presidenta, Dilma Rousseff, por movimentos 
que integraram a Jornada Nacional de Lutas. Investimentos 
para a Educação pública ?por meio da destinação de 10% 
do PIB, 50% do fundo social do Pré-Sal e 100% dos 
royalties do petróleo para o setor?, a garantia de trabalho 
decente para a juventude, a reforma política e a 
democratização da comunicação foram algumas das 
reivindicações apresentadas pelas entidades ligadas aos 
jovens.
A importância do Estatuto da Juventude é inegável. 
Sobretudo neste momento que o país atravessa, com todas 
as melhorias de inclusão social, emprego e acesso à 
Educação. São avanços cruciais para que o jovem brasileiro 
tenha perspectivas reais de progresso, de poder exercer sua 
cidadania e de ter uma vida digna, com seus direitos 
assegurados. A aprovação do estatuto é, portanto, uma 
vitória da sociedade, que cria condições permanentes de 
pensar e preparar o país para o futuro.

José Dirceu é ex-ministro da Casa Civil e membro do 

Diretório Nacional do PT

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