PADRE CICERO E MEU MILAGRE PARTICULAR

O povo nordestino, é um povo especial! Sua alegria, despojamento, facilidade em encontrar a felicidade são características marcantes e de fácil identificação em suas histórias!
A melhor biografia de Padre Cícero que pude ler! Recomendo!
Eu tenho a grata alegria de ser descendente de nordestinos! Com um pai pernambucano e uma mãe alagoana, sou da primeira geração de paulistas de minha família!
Deles, herdei duas características que parecem ser a mesma! A esperança e a fé!
Na esperança reside a perspectiva de que amanhã sempre poderá ser melhor! Na fé esta a certeza disso!
Antes de ontem, no rádio, ouvi uma noticia que me deixou emocionado dentro do carro! Papa Francisco havia reconciliado Padre Cicero Romão à Igreja Católica!
Quem não conhece o nordeste, não faz idéia do significado desta notícia! Padre Cícero é uma referencia ética, moral, de fé e de persistência que impressiona! Sua história é a história de um homem que a seu modo e com sua cultura enxergava na fé  o caminho para levar as pessoas até Deus.  E enxergava na politica, uma forma de fazer com que o estado, caminhasse a favor do povo! Olhar para os passos de Padre Cicero é olhar para um cristão profundamente comprometido com seu povo e com os interesses deste povo na busca por sua libertação!
Mas o que eu quero mesmo é falar sobre a relação de minha família, particularmente, minha mãe com Padre Cícero! "O Padim, pade Cíço"... pra quem não sabe, o diminutivo "Padim" vem de Padrinho... Então "Padim, pade Ciço" é o Padrinho, Padre Cícero". É que ele batizava os pobres e ao lhes faltar um padrinho, ele mesmo, os afilhava!
Padre Cícero então, acolhia, levava Deus, Jesus Cristo às pessoas, particularmente aos mais necessitados, aos mais pobres e desvalidos! Aos sertanejos sedentos de água e de fé!
Eu nasci em Cotia, e quando tinha 6 meses de idade, fui acometido de uma forte pneumonia! Meus pais me levaram ao pronto socorro da época em Cotia e ali, foi detectado que eu estava com tuberculose! Então, fui internado em São Paulo, no hospital do Mandaqui e ali, um segundo vírus me pegou. A Poliomielite! Popularmente conhecida como paralisia infantil. 
Fiquei 9 meses internado no Mandaqui. Era um bebê e de nada lembro! Mas sei que minha mãe fez uma promessa para Padre Cicero, pedindo a ele a intercessão para que eu fosse curado e saísse com vida do hospital! A possibilidade de sair com vida era bastante reduzida!
A promessa de minha mãe, para me salvar era bastante característica de uma fé popular, simples, de gente que compreendia ser necessário o suplício como forma de agradecimento, demonstrando a pequenez humana diante da grandiosidade de Deus! Consistia em fazer uma festa com a arrecadação doada pelo povo, onde eu e ela iríamos de casa em casa, lá no sertão de Alagoas, feita através de nosso pedido, com a imagem de Padre Cícero! Durante 7 sábados seguidos, tínhamos que caminhar com 7 meninas de 7 anos de idade! Eu também deveria cumprir a promessa aos 7 anos! Não consegui! Aos 7 anos estava muito fraco para a empreitada! Cumpri a promessa aos 8 ou 9 anos, já não lembro!! Mas lembro da festa! Foi uma grade festa! Houve um leilão e um forró! E teve a missa em Ação de Graças! Toda a arrecadação deveria ser doada à Igreja onde fui batizado! Povoado do Pédrão!Uma pequena igreja, uma comunidade dedicada à Nossa Senhora da Conceição!
O fato é que desenganado pelos médicos, um certo final de semana, depois de 9 meses internado, minha vó Pureza e meu pai, pediram aos médicos para que eu pudesse passar um final de semana em casa! Eles se responsabilizariam por me dar os remédios na hora certa e me devolveriam ao hospital no inicio da semana! Foi ai que minha mãe fez a promessa pedindo a Padre Cícero que intercedesse por minha cura!
 Naquele tempo, os pais não podiam ficar juntos no hospital e acompanhar internação dos filhos! As crianças ficavam sozinhas no hospital durante o tratamento e os pais só podiam ver os filhos nos horários de visitas! No meu caso, e no caso de muitas outras crianças, só recebíamos visitas nos finais de semana. Meus pais eram muito pobres e não tinham dinheiro pra sair de Cotia e vir pra São Paulo pagando passagem de ônibus!
O fato é que voltei, no inicio da semana,  para o hospital muito melhor! Minha vó e minha mãe dizem que nem parecia estar doente! E foi o que os médicos também detectaram! 
O fato concreto é que eu estava curado! As explicações que podem dar a isso são as mais variáveis possíveis! Nenhuma delas cabe na ciência e na compreensão humana! Mas cabe da incrível e simples fé de um pai e uma mãe, que lembrando do intercessor dos pobres sertanejos, pode socorrer o pequeno paulista! 

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