sábado, 15 de fevereiro de 2014

A DOR DE DORVINA!

Posted by toninhokalunga On sábado, fevereiro 15, 2014 2 comments

Não entendo nada sobre dor... não gosto de dor! A dor incomoda e faz mal! Não sei ou não gosto de falar sobre a dor! E a pegunta que minha querida amiga Dorvina me fez, doeu!

Diante do caixão de sua filha, com sua mão apertando a minha, me perguntou! Até quando uma mãe terá que sentir uma dor como esta Toninho ? 
Em toda minha vida, sempre achei que as respostas eram uma obrigação diante de uma pergunta justa! E esta era uma pegunta justa... mas eu não tinha respostas!
Diante da morte, a resposta óbvia para os que não tem fé, significa, fim! Para os crentes, significa começo definitivo! 
Porém, diante da morte prematura - se é que isso existe - a duvida é a resposta, e isso é uma contradição! 
Por isso surge um buraco no peito, quando não se tem uma resposta para algo que clama justiça!
Minhas convicções são desafiadas nestes momentos... o que pensar! E mais que isso, o que desejar a um agressor frio e cruel, covarde e insensível, que tira a vida de uma moça, que o mínimo que tinha pela frente era uma vida!
Entendo aqueles e aquelas que diante de uma situação como esta, obedecem os seus instintos animais e aceitam o desafio de responder a violência com a vingança de outra violência... e para um instinto animal, isso satisfaz! 
Mas o que me impele não é um instinto e sim um chamado! Sou impelido a domar este bicho homem e convocar o homem novo, aquele que pensa e que sabe ser produto de um Amor maior! 
Mas, como falar em Amor diante da tragédia do assassinato frio e cruel ?? 
A resposta à Dorvina precisava ser dada... afinal,  minhas convicções me levam a buscar uma resposta a qualquer pergunta justa! E à esta pergunta, eu não tinha resposta! E foi isso que disse a Dorvina... não sei!
Algumas coisas na vida são inexplicáveis! E esta é mais uma destas coisas inexplicáveis que levarei comigo pra sempre! Diante de minha frustração e tristeza, Dorvina se aproximou ainda mais e com um abraço que só as mães podem dar me disse que sabia que eu não tinha respostas, pois esta dor, somente as mães que amam, podiam sentir! 
Então tomei coragem e disse a ela que enquanto o coração humano produzisse maldades e não permitisse se abrir à Deus, outras mães passariam por isso! Lhe abracei, senti seu abraço e chorei! 
Sai do salão da Igreja Nossa Senhora do Mont Serrat pensativo e inconformado... fui tomar conta da vida, afinal, tinha no final da mesma tarde, a responsabilidade de comemorar o aniversário de um de meus filhos e isso também era justo!
Um pouco depois, encontrei com Padre Luis Antonio, um grande amigo, um pastor e um confessor fantástico e santo... e santo porque é humano! Diante da chuva, peguei carona em seu guarda-chuva e com ele partilhei, no cortejo para a sepultura da Josiele, todas estas angústias... particularmente uma... Onde esta Deus diante de uma situação como esta ? Onde esta a proteção tantas vezes pedidas, em tantas orações ?? Onde esta Deus diante de uma violência como esta ?  Diante da violência contra um ente-querido, no caso de uma filha, de uma pessoa como Dorvalina! Uma mulher que vive na Igreja e para a Igreja, que vive na fé, e pela fé... que Ama a Deus, que adora Jesus Cristo... como pode ?? Que amor é esse ? Como pode, Deus permitir que uma menina como Josiele, passe por uma situação como esta, uma pessoa de fé, uma coordenadora de comunidade, uma catequista aplicada e que tanto amava o que fazia ?? Porque ?!? 
Padre Luis me ouviu e me respondeu, com a mão em meus ombros, como quem segura aquele que esta prestes a cair, que a vontade dele era a mesma que a minha... responder com a verdade que tentava brotar de meu coração e do dele... mas que Deus, sabendo antecipadamente de minha pergunta e de minha indignação, deixou Seu próprio filho morrer de forma semelhante a morte de Josiele, ser sacrificado mesmo não tendo culpa alguma, para que ao ser questionado o porque de uma morte violenta, mostrar como resposta, Seu próprio Filho Jesus Cristo! E que isso não era apenas para consolar, mas para mostrar que o coração humano era capaz de produzir pessoas como o homem que matou brutalmente a jovem Josiele... mas que também poderia produzir seres humanos fantásticos como Dorvina, que mesmo diante da morte, da desesperança e da dor, tinham tempo de consolar pessoas que como eu, não tinham respostas para a dor de uma mãe!

2 comentários :

Fiquei indiferente com a noticia, afinal está se tornando corriqueiro essa violência gratuita, mas depois de saber que foi com a dorvina ai a indiferença se transformou em tristeza e vários questionamentos vieram a tona. Porquê...
Os mesmos questionamentos seu,kalunga,foi o meu também.Mas devemos continuar na fé.FORÇA DORVINA!!!!!

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