A internet é isso!! No domingo à noite, conversando com a Fau Barbosa e alguém, talvez o Alex da Força, lembrou que na segunda feira, era o dia do Gari. De imediato, propus ao Beto Kodiak e a Fau Barbosa que fizessem uma matéria sobre o tema! Ai, imperou a sensibilidade feminina... também, não poderia esperar muito de um palmeirense como o Beto... hehe! Abaixo segue a bela matéria que a Fau fez sobre os Garis! Parabéns Fau! Linda Matéria!
Eles nos prestam um inestimável serviço, e a população se esquece que se não fossem eles, a cidade estaria à beira do caos.
Mas muitas vezes eles passam despercebidos, como se fossem apenas pessoas invisíveis, enfrentando cães ferozes, cortes de cacos de vidros e perigos de contaminação com produtos ácidos e lixo hospitalar.
Hoje, dia 16 de maio, é o Dia dos Garis, esses silenciosos trabalhadores do nosso cotidiano, de mãos sujas e calejadas, que varrem as ruas ou correm de dia ou de noite, no sol ou na chuva, atrás de um caminhão coletor do nosso lixo. É impossível imaginar a nossa casa sem coleta de lixo! Mas raramente cumprimentamos esses guerreiros, e nos esquecemos da importância deles em nossas vidas. Homens que têm sentimentos, famílias, religiosidades, que falam, sofrem, sorriem, e sonham com uma vida melhor.
O Portal Viva foi para as ruas, parabenizar os garis pelo seu dia e conversar com esses homens que trabalham de sol à sol, e que mantém a nossa cidade limpa, ou pelo menos tentam!
Várias são as dificuldades enfrentadas por esses homens, que acordam de madrugada e começam a trabalhar cedo. Trânsito, cães soltos, desrespeito das pessoas e muita sujeira. Alguns fazem questão de dizer que amam o que fazem enquanto outros procuram estudar para tentar melhorar de vida.
Benedito da Silva tem 42 anos. Natural do Maranhão, é morador do Jardim Arco íris, em Cotia. "Acordo às 5 horas da manhã, para entrar no serviço às 7", conta. Casado e pai de dois filhos - um de 11 e um de 18 anos - antes de ser gari ele era balconista da Casa do Pão de Queijo da Rua Haddock Lobo, em São Paulo. Nas horas de folga ele cuida de um pedaço de horta em sua casa. "Vim morar em Cotia há 15 anos e trabalho hoje na coleta e na varrição das ruas da Granja Viana. A maior dificuldade que vejo é que as pessoas não colaboram com a gente e jogam muito lixo na rua. Mas eu gosto do que faço, adoro trabalhar aqui", disse.
Marco Antonio Domingues tem 41 anos, e nasceu em Cotia. Morador da Água Espraiada, em Caucaia do Alto, ele tem três filhos - de 6, 7 e 12 anos - e acorda às 4 horas da manhã para trabalhar no serviço de varrição na Granja Viana. "A maior dificuldade é que tem muitas folhas. Teve um dia que contamos 98 sacos delas. Só Deus para dar força, né? A gente precisa trabalhar, tem família", disse. Antes ele trabalhava na capinagem do mato, onde ficou por 4 anos. Está há 2 anos na varrição de ruas. Ele também fala do serviço puxado e conta que tem quatro colegas com tendinite. "É muito difícil, às vezes varremos 9 km por dia", ressalta.
Expedito Filomeno de Jesus tem 20 anos, é solteiro e mora no Taboão da Serra. Ele está há pouco mais de 2 anos nesse trabalho. "Eu sou coletor, mas como me machuquei, vim para a varrição de ruas, onde estou há 1 ano", disse. "Para mim, a maior dificuldade são os carros. Fazer varrição na Rua José Félix e na Av. São Camilo é muito perigoso, pois não tem calçadas. Precisamos ficar atentos, por que os carros não respeitam a gente", relatou. Ele pretende melhorar de vida e está fazendo um curso de segurança. "Quero crescer, quero estudar", disse.
Ainda na mesma equipe de varrição da Granja, Rogério de Souza, de 40 anos, também é morador da Água Espraiada, em Caucaia. Ele começou a trabalhar no mesmo dia que Marco Antonio, a quem considera um grande amigo, um irmão. Passaram juntos pela capinagem e agora estão na varrição. Além de reclamar do perigo do trânsito, ele ressalta a falta de água para beber. "Tem gente que nega água para a gente". E fala do trabalho em dias de chuva: "A gente não para, coloca a capa e continua varrendo", diz. Rogério pretende um dia voltar para a jardinagem. "Gosto muito", ressaltou.
No meio da Avenida São Camilo, encontramos o caminhão de coleta de lixo. Para José, de 41 anos e morador de Carapicuíba, o trabalho é forçado e o trânsito é o maior problema. Para André , de 28 anos, morador do Taboão e há apenas dois meses na função, o maior problema é se acostumar com o cheiro forte.
O mais falante de todos eles era José Leoni, de 35 anos, que aproveitou para fazer alguns pedidos. "Tem que diminuir a hora de trabalho, aumentar o salário. Tem gente que quer estudar e não consegue", disse. Mas ele afirma adorar o que faz. "Quem bateu e acostumou não quer sair mais", relatou.
Problemas
Nossa reportagem entrou em contato com o gerente operacional da Enob, Eli Feliciano de Barros. Ele nos informou que em Cotia a jornada de trabalho dos profissionais começa às 7 da manhã e vai até às 15:20hs, de 2ª à sábado. "Os funcionários saem para trabalhar em um setor previamente determinado. ÀS 2ªs e 3ªs feiras o serviço é mais puxado por causa dos finais de semana", informou.
Eli também nos falou sobre as dificuldades enfrentadas pelos garis. "A primeira delas são os cachorros soltos nas ruas, ou preso indevidamente nas casas. Em algumas situações, os funcionários chegam a ser mordidos. Quando o caminhão está perto, eles se protegem, mas quando está distante, eles ficam bastante vulneráveis", ressalta.
O segundo maior problema são os vidros quebrados. "Nós exigimos que eles usem luvas por que muitas pessoas não tem a preocupação em embalar materiais cortantes, e se esquecem que o lixeiro vai manipular isso. Eles pegam os sacos e é muito comum acidentes com corte nas pernas e nas mãos. É preciso educar as pessoas para embalar esse vidro adequadamente", disse.
A falta de respeito com esses profissionais nas ruas é outro grande problema destacado pelo gerente, além do trânsito, pois há poucas calçadas e em certos momentos ela não existem. "Por esses e outros problemas, temos procurado fazer algumas coletas à noite em lugares mais difíceis, onde por exemplo os carros param dos dois lados da rua, que é estreita, e o caminhão não passa", contou Eli.
Segundo ele, são coletados cerca de 5.800 toneladas de lixo por mês. "O que dá uma média de 190 toneladas por dia", ressalta.
Tudo isso seria bem mais fácil se fosse adotada uma política de reciclagem. Para Eli, apesar de 80% dos resíduos serem materiais recicláveis, a única cooperativa está saturada. "O único galpão é o da Marli, e não tem mais como aumentar a coleta, pois ela está lotada", disse.
O Portal Viva deixa aqui os parabéns à esses profissionais pelo seu dia!
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