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DIGA-ME TEU NOME QUE DIREI QUEM TU ÉS, PAPA LEÃO XIV

DIGA-ME TEU NOME QUE DIREI  QUEM  TU ÉS, PAPA LEÃO XIV! No Vaticano, os nomes dizem muito. E quando o novo Papa norte-americano subiu à saca...

TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO, ESPIRITUALIDADE CRISTÃ, FÉ ENCARNADA NA VIDA DOS POBRES

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quinta-feira, 8 de maio de 2025

DIGA-ME TEU NOME QUE DIREI QUEM TU ÉS, PAPA LEÃO XIV

Posted by toninhokalunga On quinta-feira, maio 08, 2025 Comentários

DIGA-ME TEU NOME QUE DIREI QUEM 
TU ÉS, PAPA LEÃO XIV!



No Vaticano, os nomes dizem muito. E quando o novo Papa norte-americano subiu à sacada de São Pedro e se apresentou como Leão XIV, o mundo católico entendeu que não se tratava de uma escolha qualquer. Foi um gesto pensado, carregado de simbologia. Leão XIII, de quem herdou o nome, foi o pontífice da Rerum Novarum, o documento fundador da Doutrina Social da Igreja, que pela primeira vez legitimou a luta dos trabalhadores por direitos, sindicatos e dignidade.

Com esse nome, o novo Papa envia uma mensagem clara: o compromisso da Igreja com a justiça social não é um adorno, mas um pilar essencial da fé cristã. Mais ainda: seu primeiro discurso, comedido e clássico, foi pontuado por três sinais eloquentes — gratidão a Papa Francisco, promessa de respeitar e continuar seu legado, e a reafirmação da Igreja como “casa para todos, especialmente os últimos”.

Leão XIV pode sim ser considerado progressista. Mas não se trata de um revolucionário de punho cerrado ou um "bolchevique de batina", como diriam os detratores. Seu perfil é o de um homem discreto, profundamente formado na tradição da Igreja, pastor hábil, com sensibilidade social. E ainda que esteja há apenas dois anos na função estratégica de Prefeito do Dicastério para os Bispos — função para a qual foi escolhido pelo próprio Francisco — já tinha influência visível na nomeação de bispos e cardeais com o perfil da Igreja em saída, sinodal e comprometida com os pobres.

Mas talvez sua declaração mais contundente tenha vindo não em latim, mas em resposta direta — e surpreendente — ao ex-presidente norte-americano Donald Trump, que tentou capitalizar politicamente a eleição de um Papa “da América”. A resposta do novo pontífice foi clara: “a fé não pode ser instrumento de opressão nem de poder, sobretudo contra os pobres”. Uma frase que ressoa como eco da história: os Estados Unidos, seu país natal, foram protagonistas no financiamento e apoio a ditaduras e violências na América Latina, inclusive envolvimento no assassinato de Dom Oscar Romero, arcebispo mártir de El Salvador, hoje santo da Igreja. E agora, o mesmo país vê subir ao trono de Pedro um Papa profundamente vinculado à memória e ao legado de Romero. Não poderia haver uma resposta mais irônica do que essa para os que se acham e o poder humano tem alguma força diante do amor de Deus!

Leão XIV conviveu pessoalmente com Gustavo Gutiérrez, o pai da Teologia da Libertação. Não leu apenas sobre ela nos livros — bebeu da fonte. Compreende a Teologia da Libertação não como um puxadinho ideológico ou um flerte com a esquerda, mas como expressão legítima da fé cristã encarnada na história, que vê os pobres como protagonistas do Reino. E aqui reside o grande sinal de esperança: talvez este Papa seja capaz de reformular, com profundidade e frescor, o conceito da opção preferencial pelos pobres, à luz dos desafios de nosso tempo.

É possível que cause espanto. Sobretudo entre aqueles que querem reduzir a fé cristã a slogans moralistas ou trincheiras da extrema-direita. Mas não confundamos firmeza com conservadorismo. Sua serenidade não é covardia, mas a força de quem conhece a tradição. E a tradição mais profunda da Igreja é a do Evangelho de Jesus, que nunca serviu aos poderosos, mas se ajoelhou para lavar os pés dos pequenos.

Papa Francisco — que agora sorri lá no céu — certamente se alegra ao ver que a sua semente floresceu no coração de um americano que, na verdade, é do Peru. Um filho das Américas, marcado pela espiritualidade de Oscar Romero e forjado nas águas límpidas da Teologia da Libertação, assume o ministério de Pedro com juventude, vigor e espírito sinodal. É possível, sim, que com Leão XIV o sonho de Francisco comece a se concretizar de forma mais plena: uma Igreja em saída, plural, samaritana e comprometida com os pobres da Terra.

Se os sinais se confirmarem, não veremos apenas a continuidade de um projeto, mas sua encarnação histórica. E isso, para quem crê, é mais que um gesto político — é a continuidade do sopro de esperança!!

Toninho Kalunga

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