terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

MANÉ CACHIMBO

Posted by toninhokalunga On terça-feira, fevereiro 03, 2009 Comentários


Conheci Mané Cachimbo em 1979, na primeira vez que fui a Alagoas. Ele era conhecido como doido. Mas pode-se acreditar, se fosse mais conhecido, poderia concorrer a qualquer prêmio de pacificador! Não respondia as provocações da mulecada, nem das humilhações que lhe eram impigidas. Pedia comida na rua. Meu avô, Luis Persinha, sempre o ajudava. As vezes ele pedia feijão cru. Eu achava interessante. Nunca esqueci sua figura simples. Acabei de receber a noticia de sua morte. Em nome do Prefeito Carlos André, meu abraço ao povo de Olho D´Água, que pode reconhecer o valor desta figura tão humana! Mané Cachimbo.



Na ultima quarta feira, dia 28 de janeiro, morreu Mané Cachimbo, aos 90 anos de idade 1.919-2009), outros, dizem que ele era mais novo, outros, mais velho.
Manoel dos Santos era filho de José Luiz dos Santos e Maria José dos Santos, nascido nos arrabaldes de Olho d’Água das Flores. Conta-se que, quando jovem, foi pedreiro, mas logo cedo abandonou a profissão, passando a viver praticamente calado perambulando pelas ruas, pouco se comunicava com as pessoas. Inicialmente fumava em cachimbo, o que lhe valeu o apelido de Mané Cachimbo até a morte.
Passou para a história da cidade como uma figura folclórica e lendária, que mesmo no seu silencio, era respeitado e respeitava a todos, dormiu os últimos dez anos na área de uma casa situada na Pça. José Amorim, e durante o dia, quando não estava esmolando ficava numa calçada ora sentado, ora deitado, sem incomodar ninguém. Desde 1.930, que adotou a bermuda, pode ser considerado o introdutor da bermuda na América Latina, pois, quando as bermudas e meia calça invadiram as ruas e praças, Mané Cachimbo já as usava há muitos anos, vivendo entonado nessa indumentária, quer chovesse ou fizesse verão, quando alguém lhe dava uma calça, imediatamente, ele cortava a fazia uma bermuda, uma, e uma só, havia vista só possuir a que andava vestido e morreu com ela. Era de um laconismo tamanho, que, quando lhe importunavam, retira-se rápido, mas não respondia as ofensas recebidas. Nunca casou, ou possuiu mulheres, viveu seu mundo no seu silencio e no anonimato. Era refratário a banho. Tinha Mané Cachimbo, por companheiro um pequeno boné de palha de ouricuri, uma lata de pedir esmolas e no fim da vida, uma pequena vara para se apoiar, tudo muito rústico. A essa altura da existência, poucos parentes lhe restavam, jamais quis viver o ficar com eles, seu mundo era a rua, assim viveu, assim morreu...
Quando a doença o dominou, aproximou-se do hospital da cidade, em vista de ser pessoa muito conhecida, foi recolhido pelos cuidados das enfermeiras, e atendido pelo médico Dr. Rendrigson Rocha, que o medicou, porém estava no final da vida, vindo a falecer horas depois. Seu sepultamento foi feito pela prefeitura da cidade, e seu corpo, velado no salão nobre da Câmara de Vereadores, que, quando o povo soube de seu falecimento, seu corpo foi visitado com grande afluência da população, que foi levar seu último adeus ao mendigo Mané Cachimbo. E no dia seguinte, ocorreu seu sepultamento com um número incalculável de pessoas, na ocasião, fizeram uso da palavra o representante do Prefeito Carlos André, e coordenador geral da Casa da Cultura, Profº. Valdemar Farias Abreu, Jorge Luiz Duarte, o empresário Elânio Abreu, o servidor municipal, César Abreu e este articulista, todos traçaram e enalteceu a figura de Mané Cachimbo, o criador da bermuda.
Seus objetos que sempre o acompanhava, foram resgatados e serão expostos no museu da Casa da Cultura, e enquanto isto um bloco carnavalesco está preparando um samba-enredo para desfilar do carnaval de 2.009, homenageando a figura lendária de Mané Cachimbo.

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