quinta-feira, 30 de setembro de 2010

PRONUNCIAMENTO DA ALIANÇA DE BATISTAS DO BRASIL

Posted by toninhokalunga On quinta-feira, setembro 30, 2010 Comentários

ELEIÇOES 2010: PRONUNCIAMENTO DA ALIANÇA DE BATISTAS DO BRASIL

A Aliança de Batistas do Brasil vem, por meio deste documento, reafirmar o
compromisso histórico dos batistas, em todo o mundo, com a liberdade de
consciência em matéria de religião, política e cidadania. A paixão pela
liberdade faz com que, como batistas, sejamosum povo marcado pela pluralidade
teológica, eclesiológica e ideológica, sem prejuízo de nossa identidade. Dessa
forma, ninguém pode se sentir autorizado a falar como “a voz batista”, a menos
que isso lhe seja facultado pelos meios burocráticos e democráticos de nossa
engrenagem denominacional.

Em nome da liberdade e da pluralidade batistas, portanto, a Aliança de
Batistas do Brasil torna pública sua repulsa a toda estratégia
político-religiosa de “demonização do Partido dos Trabalhadores do Brasil”
(doravante PT). Nesse sentido, a intenção do presente documento é
deixar claro à sociedade brasileira duas coisas: (1) mostrar que tais
discursos de demonização do PT não representam o que se poderia conceber como o
pensamento dos batistas brasileiros, mas somente um posicionamento muito
pontual e situado; (2) e tornar notório que, como batistas brasileiros, as
ideias aqui defendidas são tão batistas quanto as que estão sendo
relativizadas.

1. A Aliança de Batistas do Brasil é uma entidade ecumênica e dedicada, entre
outras tarefas, ao diálogo constante com irmãos e irmãs de outras tradições
cristãs e religiosas. Compreendemos que tal

posicionamento não fere nossa identidade.

Do contrário, reafirma-a enquanto membro do Corpo de Cristo, misteriosamente
Uno e Diverso.Assim, consideramos vergonhoso que pastores e igrejas batistas
histórica e tradicionalmente anticatólicos, além de serem caracterizados por
práticas proselitistas frente a irmãos e irmãs de outras tradições religiosas
de nosso país, professem no presente momento a participação em coalizões
religiosas de composição profundamente suspeita do ponto de
vista moral, cujos fins dizem respeito ao destino político do Brasil.

Vigoraria aí o princípio apontado por Rubem Alves (1987, p. 27-28) de que “em
tempos difíceis os inimigos fazem as pazes”? Com o exposto, desejamos fazer
notória a separaçãoentre os interesses ideológicos de tais coalizões e os
valores radicados no Evangelho. Por não representarem a prática cotidiana de
grande fração de pastores e igrejas batistas brasileiras, tais coalizões deixam
claro sua intenção e seu fundo ideológico, porém, bem pouco evangélico. Logrado
o êxito buscado, as igrejas e os pastores batistas comprometidos com as
coalizões “antipetistas” dariam continuidade à prática ecumênica e ao diálogo
fraterno com a Igreja Católica, assim como com as demais denominações
evangélicas e tradições religiosas brasileiras? Ou logrado o êxito perseguido,
tais igrejas e pastores retornariam à postura de gueto e proselitismo que lhes
marcam histórica e tradicionalmente?

2. Como entidade preocupada e atuante em face da injustiça social que
campeia em nosso país desde seu “descobrimento”, a Aliança de Batistas do
Brasil sente-se na obrigação de contradizer o discurso que atribui ao PT a
emergente “legalização da iniquidade”. Consideramos muito estranho que
discursos como esse tenham aparecido somente agora, 30 anos depois de
posicionamentos silenciosos e marcados por uma profunda e vergonhosa omissão
diante da opressão e da violência a liberdades civis, sobretudo durante a
ditadura militar (1964-1985). Estranhamos ainda que tais discursos se irmanem
com grupos e figuras do universo político-evangélico maculadas pelo dinheiro na
cueca em Brasília, além da fatídica oração ao “Senhor” (Mamon?).

Estranhamos ainda que tais discursos não denunciem a fome, o acúmulo de riqueza
e de terras no Brasil (cf. Isaías 5,8), a pedofilia no meio católico e entre
pastores protestantes, como iniquidades há tempos institucionalizadas entre
nós.

Estranhamos ainda que tais discursos somente agora notem a possibilidade da
legalização da iniquidade nas instituições governamentais, e faça vistas
grossas para a fatídica política neoliberal de FHC, além da compra do congresso
para aprovar a reeleição. Estranhamos que tais discursos não considerem nossos
códigos penal e tributário como iniquidades institucionalizadas. Os exemplos de
como a iniquidade está radicalmente institucionalizada entre nós são tantos que
seriam extenuantes. Certamente para quem se domesticou a ver nas injustiças
sociais de nosso Brasil um fato “natural”, ou mesmo como a “vontade de Deus”,
nada do mencionado antes parece ser iníquo. Infelizmente!

3. Como entidade identificada com o rigor da crítica e da autocrítica,
desejamos expressar nosso descontentamento com a manipulação de
imagens e de informações retalhadas, organizadas como apelo emocional e
ideológico que mais falseia a realidade do que a
apreende ou a esclarece. Textos, vídeos, e outros recursos de
comunicação de massa, devem ser criteriosamente avaliados.
Os discursos difamatórios tais como os que se dirigem agora contra o PT quase
sempre se caracterizam por exemplos isolados recortados da realidade.

Quase sempre, tais exemplos não são representativos da totalidade dos grupos e
das ideologias

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