Acabei de chegar do Guaruja! Fui me despedir do meu companheiro e amigo Romazine, vereador do PT e daquele povo, povo que ele adotou e que o acolheu!
Não é fácil pra mim escrever sobre o assassinato deste vereador que era sem dúvida um dos melhores quadros politicos no legislativo municipal no estado de São Paulo.
Capaz, preparado, inteligente, destemido e determinado! Um sonhador! Um companheiro!
Romazine estava investigando uma série de questões na administração pública municipal. Já havia denunciado vereadores e prefeito a alguns anos atrás. Quando fui eleito em Cotia e denunciei o esquema da Procotia, Romazine foi um dos vereadores que se interessou pelo caso. Tinha certeza de que por lá havia esquema parecido! Militavamos juntos na mensagem ao partido, corrente interna do PT que tem uma orientação à esquerda no espectro politico.
Não consigo ainda ter claro o motivo da morte do Romazine. Conversei com o delegado da policia federal e deputado federal eleito Protógenes Queiroz, que acredita que este crime deva ser "federalizado" por se tratar de um crime emininentemente politico e de perseguição!
Os deputados Paulo Teixeria e Simão Pedro, respectivamente, federal e estadual estiveram no velorio e exigiram das autoridades policiais apuração rigorosa e punição exemplar aos assassinos de Romazzine.
Hoje foi mais um dia triste em minha vida. Fui ao velório de um companheiro que antes de mais nada, queria apenas que o mundo fosse justo, fraterno e solidário! Defendeu sempre as coisas corretas, dispensou os melhores anos de sua vida a uma causa. Romazzini sempre foi um homem aberto ao convencimento, começou sua vida politica filiado a um partido de direita. Foi descobrir sua vocação no PT! Partido pelo qual, literalmente, deu a vida! Ao PT, a sociedade do Guaruja e ao povo paulista!
Portanto, é com tristeza e indignação que escrevo esta postagem sobre o covarde assassinato do vereador Romazzini.
Quem o matou - não apenas quem deu os tiros, mas também os que planejaram e quisá, financiaram, tinham clareza de intenções. Conseguiram calar a voz daquele que não se submeteu ao jogo sujo e rasteiro da corrupção politica. Este é mais um crime que tem como combustível a impunidade e seu veiculo é a certeza da letargia dos órgãos de fiscalização, apuração e punição como policia, ministério público e poder judiciario que se omitem diante da corrupção que assola, mata e destrói nossa sociedade!
Parafraseando Marthin Luter King: O que me assusta não é o grito dos maus que ontem urraram diante do corpo do Romazzini, mas o silêncio de todo um povo que ontem viu um dos seus homens bons cair e no chão deixar seu sangue e sua vida derramados! Me pergunto neste momento! Vale a pena ?
Fica aqui minha lembrança ao combativo cristão católico professor Luiz Carlos Romazzini. Descanse em paz!
Abaixo segue um artigo do Vereador Romazzini, onde fala de sua atuação como advogado e sua percepção sobre a sociedade. Esta postagem foi feita pelo vereador no último dia 11: http://prof-romazzini.blogspot.com/2010/11/artigo-para-onde-vamos.html
Para quem não conseguir abrir, segue cópia da postagem:
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Artigo - Para onde vamos?
Nada é mais cruel neste país do que o “emburrecimento” a que estamos condenando a geração atual de jovens e crianças do Estado de São Paulo. Pode parecer perseguição ao atual governo estadual, mas os fatos é que me perseguem, de sorte que já estou perdendo as esperanças, diante do imobilismo social e institucional.
Na última segunda feira, dia de audiência de apresentação de mais um menor infrator, dos muitos que perambulam pelas ruas de Vicente de Carvalho e Guarujá e, mais uma vez, a mesma história: 15 anos de idade, escolaridade na sexta série que abandonou este ano, que morava sozinho após a morte da avó, que mal sabe copiar o nome, que a mãe reluta em entrar para a audiência, pois está passando mal e não queria ver o filho naquela situação.
Para cada uma das perguntas da Juíza, respostas lacônicas: que não sabia o por que estava ali, que não se lembra mais do que disse. Um jovem mirrado, com pouco mais de um metro e quarenta de altura, um verdadeiro e real retrato fiel da falência de tudo, da família, da escola, do Conselho Tutelar e do Ministério Público.
Explico. O jovem morava com a avó. Uma vez morta, não se têm notícias da mãe. Daí ausentou-se da escola, e também não há notícias sobre as providências que a direção deveria tomar, entre as quais a comunicação ao Conselho Tutelar. Cadê o Conselho Tutelar, que diante do caso poderia comunicar ao Ministério Público, pois há o inequívoco abandono intelectual. Enfim, todos falharam. Uma quase criança, com uma arma na mão, em companhia de um terceiro que aterroriza a balconista, que lhe entrega uma porção de celulares. A polícia prende, aí todos estão às voltas com suas próprias incompetências.
Mas, a tarde era longa. A juíza me pede e fico para a nova audiência. Agora são dois menores e tenho como companheiro um grande amigo, Dr. Valdemir, experimentado Advogado Criminalista. O menor “A” não sabia a data do aniversário. Tem 17 anos de idade e ficou na escola até a sexta série. Com 14 anos, abandonou tudo, não sabe ler nem escrever. A mãe diz que tentou de tudo, mas ele não aprendia e disse mais: que o Conselho Tutelar lhe disse “que não podia fazer nada”. “A” assume todas as condutas e inocenta “L”. Percebe-se um leve sorriso nos lábios da mãe de “L”.
“L”entra firme, olhar gélido e, diante das perguntas da Juíza, assume culpa em tudo. Participou, estava no local, iria dividir a “res furtiva”, o produto do furto. Todos se entreolham, a mãe de “L” não entende nada. Despedimo-nos, no longo corredor, e meu colega Valdemir parecia frustrado como cidadão. Eu, muito pior, pois triplamente frustrado. Como cidadão, professor e vereador.
Existem perdas que nos doem muito mais. Quis a vida que eu fosse professor e advogado, enquanto o destino levou-me ao cargo de vereador. É muito triste para um professor ver que da falência da educação brota o criminoso, o menor infrator. Mas, o pior mesmo é ver um jovem que freqüentou por sete anos os bancos escolares, e não sabe ler e escrever, tornar-se um punguista a atacar turistas. É um fato grave, condenável e punível, mas e a omissão dos poderes públicos, como fica?
Por certo, continuarão a mascarar números e mais números, estatísticas frias e mentirosas que são usadas nos programas eleitorais, também mentirosos. E a sociedade? Ah, esta segue seu destino de avestruz, a se espantar diante dos frios canos das armas que lhes são apontadas e que não são, nem de longe, igual à frieza com a qual encaramos e conviemos com as desgraças de cada dia.
Luis Carlos Romazzini
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