O ROUBO DOS JUROS DO BANCO CENTRAL EXPLICADO DE FORMA SIMPLES
Por Toninho Kalunga
Introdução
Sabe quando a gente vai à feira, na primeira semana do mês, compra o básico, come um pastel e acaba o dinheiro? Na segunda semana, a gente compra uma dúzia de laranja, uma de banana e volta pra casa. Na terceira semana, fica pensando se compra uma dúzia de banana ou de laranja. E, no final do mês, a gente não consegue sequer ir à feira, porque não tem mais dinheiro.
Pois é. O Brasil faz isso em escala nacional. Todo ano, arrecada uma montanha de dinheiro no início do ano. Mas, antes que esse dinheiro chegue ao povo, alguém já levou a maior parte. Isso chama-se juros da dívida!
Quem é esse "alguém"? Deixa eu ver se consigo explicar.
1. Quem são os donos da chave do cofre?
Banco Central (BC): Órgão do governo federal que deveria cuidar da saúde financeira da economia brasileira. Mas, nos últimos anos, virou um braço dos bancos privados, ajudando a multiplicar seus lucros com taxas de juros altíssimas, que todo mundo tenta explicar, mas ninguém entende direito o porquê.
Congresso Nacional: Durante o golpe contra Dilma Rousseff, um dos motivos foi que ela brigou para baixar os juros pagos aos banqueiros. Para derrubar Dilma, Michel Temer prometeu tirar do governo o poder de controlar os juros. O Congresso aprovou a “independência do BC” — o mesmo Congresso que cassou Dilma sem crime algum.
Na prática, isso significou que o povo perdeu o comando da economia, e quem manda agora é o mercado. A maioria dos parlamentares se cala — e lucra com isso.
Rentistas: quem são, o que fazem, do que vivem? São os que vivem dos juros pagos com dinheiro público. Não plantam, não colhem, não produzem nada. Apenas emprestam dinheiro ao governo através de títulos da dívida pública e esperam os lucros caírem na conta. Em outras palavras: são agiotas com gravata.
É como se a polícia, ao invés de proteger o povo dos agiotas, dissesse: “Pode cobrar o quanto quiser!”. Nesse caso, o Banco Central é ao mesmo tempo a polícia e o agiota!
2. O que está acontecendo?
O Banco Central elevou os juros para 15% ao ano — a maior taxa entre os grandes países do mundo. Isso significa que o governo federal, para fazer qualquer coisa, precisa antes pagar juros altíssimos aos rentistas.
Só em 2024, o Brasil pagou quase R$ 1 trilhão em juros. Enquanto isso, o dinheiro para saúde, educação, moradia e obras foi cortado.
Para cada R$ 100 que saíram do Tesouro Nacional:
R$ 95 foram para os bancos (juros);
R$ 5 viraram políticas públicas.
E sabe quem autorizou isso? Deputados e senadores!
Dos 513 deputados federais, atualmente apenas 130 (no máximo) defendem o povo. Os outros 383 (no mínimo) votam contra as propostas de Lula — e votaram contra Dilma. Basta olhar as votações do impeachment!
Agora vamos entender a montanha de dinheiro que eles controlam:
O que é a tal RCL (Receita Corrente Líquida)?
É todo o dinheiro que o governo arrecada com impostos, taxas e contribuições. Em 2024, essa quantia foi de R$ 2,45 trilhões (dois trilhões e quatrocentos e cinquenta bilhões de reais).
EMENDAS PARLAMENTARES: a farra com dinheiro público
Emendas de bancada (1% da RCL):
1% de R$ 2,45 trilhões = R$ 24,5 bilhões em 2025;
Esse dinheiro é dividido entre as 27 bancadas estaduais (26 estados + DF);
Cada bancada decide internamente para onde vai o dinheiro.
Exemplo simples: Se uma bancada com 13 parlamentares recebe R$ 900 milhões, cada um pode influenciar cerca de R$ 69 milhões. E porque "pode?" Esta é a pergunta que nem mesmo Dino, consegue encontrar a resposta! Só sabe Deus, os diabos, Artur Lira e Hugo Motta. Destes, o único inocente é Deus!
Emendas individuais (2% da RCL):
2% de R$ 2,45 trilhões = R$ 49 bilhões em 2025;
Dividido entre os 594 parlamentares (513 deputados + 81 senadores);
Dá cerca de R$ 82 milhões por parlamentar.
Resumo direto ao ponto:
Tipo de Emenda | Valor Total (2025) | Valor por Parlamentar |
---|---|---|
Emendas Individuais | R$ 49 bilhões | R$ 82 milhões |
Emendas de Bancada | R$ 24,5 bilhões | R$ 60 a 70 milhões |
TOTAL por deputado (por mandato) | R$ 320milhões | |
TOTAL por senador (por mandato) | R$ 800 milhões |
Eles recebem R$ 82 MILHÕES POR DEPUTADO E R$ 200 MILHÕES POR SENADOR — POR ANO!!
4. Como isso afeta a vida de cada um de nós?
Feijão caro? O produtor paga juros altos pra plantar.
Aluguel subiu? Construir está caro por causa dos juros.
Cartão virou armadilha? Os bancos cobram até 300% ao ano.
Sem emprego? Pequenas empresas não conseguem crescer com esse sufoco.
Juro alto não atinge só o governo. Ele atinge o seu prato, o seu bolso e a sua dignidade.
5. Dá pra mudar? Dá, sim!
Mas não com passividade. A mudança começa com consciência e organização popular:
Revogar a “independência” do Banco Central;
Fazer uma auditoria da dívida pública;
Aprovar uma reforma tributária justa, que cobre mais de quem tem mais;
Pressionar o Congresso: deputado por deputado, senador por senador.
Mas vamos ser realistas: com esse Congresso do Centrão e da extrema direita, nada vai mudar!
Só muda com um Congresso com maioria de esquerda, com gente que entende que o sistema é injusto e luta por distribuição de renda.
Entendeu? Se entendeu, diga AMÉM!
E vote em deputados e senadores que defendem um Banco Central público e a serviço do povo!
6. Para levar no bolso e no coração
“A esperança tem duas filhas lindas: a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar como as coisas estão; a coragem, a mudá-las.” — Santo Agostinho
O Brasil não está quebrado. O Brasil está sendo roubado por engravatados que falam em “austeridade”, mas vivem da riqueza produzida pelo povo.
Indigne-se. Organize-se. Explique esse jogo sujo na fila do ônibus, no grupo da família, na reunião da comunidade.
A conta só vai fechar para o povo quando o povo mudar quem segura a caneta.
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